sexta-feira, 8 de abril de 2011

CRISTO, O AMOR QUE IRROMPE O SOFRIMENTO HUMANO.

Lázaro sai da sua tumba por Juan de Flandes (1500)
fonte: Wikipedia
10/04/2011 – 5º DOMINGO DA QUARESMA – ANO A 

PRIMEIRA LEITURA (Ez 37,12-14)

SALMO RESPONSORIAL Sl 129/130

SEGUNDA LEITURA (Rm 8,8-11)

EVANGELHO (Jo 11,1-45)

CRISTO, O AMOR QUE IRROMPE O SOFRIMENTO HUMANO

Tal como o milagre da transfiguração do Senhor, relatado no Evangelho de Mateus (17,3), que o apresenta como ápice da epifania, isto é, da manifestação de Jesus na sua condição divina e não humana; revelação do Filho de Deus, ordenada especificamente aos apóstolos; o milagre da ressurreição de Lázaro é o ápice da manifestação messiânica de Cristo, desta vez tendo como objeto de conversão, não somente os que estavam mais próximos do Mestre, mas principalmente, os que sabiam da história e não haviam se convencido de que Jesus de fato era o messias esperado.


Interessante é que, agora, neste episódio, relatado no Evangelho deste domingo, Jesus se manifesta muito mais pela sua condição humana, materializada por meio de suas emoções; Jesus se encontra fragilizado diante da morte de seu amigo e por três vezes chora compulsivamente (cf. Jo 11,33.35.38), no entanto, não fica preso ao sentimento inerte; Jesus assume a condição de Senhor da vida e da morte quando ordena “com voz forte: ‘Lázaro, vem para fora!’” (v. 43), ao mesmo tempo em que adverte aos que promovem e perpetuam aquela condição degradante: “Desatai-o e deixai caminhar!” (v. 44); aquele que se compromete com Jesus e seu evangelho deve colaborar com a atividade libertadora de Jesus; o irmão precisa aprender a caminhar com as próprias pernas; não deveria ser próprio do cristão, sobretudo das lideranças (leigos ou consagrados), manter aprisionado aquele que é objeto de redenção e motivo pelo qual manifestou-se o amor em nossa história até a total consumação, ou ainda, omitir-se diante das injustiças que exclui e que mata os que se encontram mais fragilizados na sociedade; assistir ao sofrimento de seus filhos amados é que faz com que Deus se  comova interiormente, tal como quando presencia toda a situação de morte em Lázaro.


Agradar a Deus, por sua vez, como o Apóstolo Paulo adverte na sua Carta aos Romanos (8,8), é primeiramente, libertar-se daquilo que degrada a dignidade de nossa condição humana, corpo e alma, criação imaculada do Pai, para que, no nome e na autoridade do Senhor da vida e da morte, possamos cooperar com o ato da criação nunca concluído, mas sempre em desenvolvimento; sim! Deus torna digna a nossa humanidade, ainda que manchada pelo pecado: “Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias” (Jo 11,39); mesmo bem próxima a Jesus, Marta não havia compreendido o mistério da regeneração da vida que em Cristo acontece, e também aos que lhe pertencem. Se é que o mal pode possuir as pessoas, como não raramente concebemos, também é verdade que o Espírito de Cristo toma posse dos que se entregam a Cristo, uma vez que: Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8,9), mas se tem o Espírito de Cristo, Cristo o possuiu, e isso é maravilhoso! Por que não há nada mais que possa nos tirar dele e com ele e nele já estamos todos ressuscitados, mesmo se nos encontramos em estado de decomposição, por conta do pecado; Cristo nos restaura porque Cristo é vida. Eis o que agrada a Deus: nossa vida vivida plenamente; nossa alegria é alegria para o Senhor, assim como o sofrimento, consequência de nossas escolhas, também é o sofrimento do Senhor; este sentimento divino, isto é, próprio de Deus mesmo, e que nós chamamos de “compaixão”, é traduzido pelos dicionários atuais pelos termos: piedade, pena, dó, condolência, mas na realidade é muito mais do que isto; tais sentimentos estão limitados à condição humana e não nos torna capazes de solucionar o problema do outro, nos encerramos no dó e na pena do outro que sofre. A compaixão, ao contrário, demonstra a ação de Jesus que não se encerra no emocional; é por isso que Jesus se aproxima do túmulo de Lázaro é o chama para si, e este, já há quatro dias sepultado, completamente “atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano” (Jo 11,44) cegamente obedece, e seguindo a Jesus, conquista para si a vida.


Fraternal abraço a todos e a todas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário